O projecto Micosylva concluiu no passado mês de Junho as suas actividades, depois de mais de dois anos de execução, tendo como objectivo de promover no Espaço SUDOE uma gestão florestal multifuncional e sustentável que integre e valorize as funções ecológicas e socioeconómicas dos Fungos Silvestres Comestíveis (FSC).
A parceria do projecto, liderada pela Sociedade Pública de Meio Ambiente de Castilla y León e composta por outras sete instituições de Espanha, França e Portugal, chama a atenção, na sequência das actividades realizadas, para o facto de que os FSC podem representar um recurso socioeconómico importante que, gerido de forma conveniente, pode gerar rendimentos no âmbito rural florestal através da colheita, da comercialização, da transformação e do micoturismo e das novas actividades económicas ligadas à sua exploração. O projecto trabalhou também no sentido de que as condições de desenvolvimento dos Fungos Silvestres Comestíveis sejam tidas em conta na elaboração dos planos de gestão do meio natural no SUDOE, para evitar as importantes perdas de produção e diversidade que se estão a verificar.
Para isso, foi estabelecida uma rede de cooperação entre os distintos agentes científicos ou técnicos envolvidos para servir de apoio técnico aos gestores ambientais no território SUDOE. O primeiro trabalho da rede foi a criação de um dispositivo comum de campos micosilvodemonstrativos que permite realizar formações técnicas regionais e transnacionais dirigidas a gestores e proprietários florestais, bem como a alunos de escolas florestais e pessoas interessadas na micosilvicultura.
Além deste dispositivo, foi implementado um conjunto de medidas que permitiram a divulgação da informação relativa à silvicultura fúngica e a sensibilização para a integração da micosilvicultura na gestão florestal. Neste sentido, foi criada uma rede de 18 áreas florestais micosilvodemonstrativas em Castilha y León, Navarra, Catalunha, Alentejo, Midi-Pyrénées e Aquitania. Trata-se de locais demonstrativos representativos do SUDOE para formação em silvicultura fúngica dos gestores ambientais do meio natural europeu, universitários e sociedade em geral.
Finalmente, a rede, através de um comité científico transnacional, elaborou um manual técnico de micosilvicultura dirigido aos gestores dos ecossistemas florestais, que possa ser implementado dentro e fora do Espaço SUDOE. Este manual pretende dar a conhecer e divulgar regras de gestão florestal que tenham em conta as condições ideais de desenvolvimento, tanto das árvores como dos FSC, garantindo a sustentabilidade e multifuncionalidade das florestas do Espaço SUDOE e a sua exploração, especialmente num contexto de alterações climáticas. Toda a informação gerada no projecto está incluída nos manuais regionais Micosylva da gestão florestal do recurso micológico que estão disponíveis na página internet do projecto.
A divulgação dos resultados obtidos pelo projecto realizou-se no âmbito do Simpósio Internacional de Gestão Florestal do Recurso Micológico, que se celebrou entre os dias 9 e 11 de Junho de 2011, organizado pelo Centro de Investigação Florestal de Valonsadero da Junta de Castilla y León. O simpósio, no qual participaram 223 pessoas provenientes de 10 países, contou com a intervenção de mais de 40 especialistas em micologia florestal.
Todas estas actividades demonstraram que os fungos proporcionam grandes benefícios às árvores e que os avanços científicos dos últimos anos permitem enriquecer os modelos silvícolas e integrar o recurso micológico na gestão florestal, tal como se gerem outros recursos florestais. Micosylva transmitiu assim aos gestores ambientais do SUDOE novos critérios de gestão das florestas que tenham em conta as condições ideais de desenvolvimento tanto das árvores como dos fungos silvestres comestíveis.
Ficha do projecto MICOSYLVA
Página Internet do projecto MICOSYLVA